VARIAÇÃO DOS PREÇOS DA CESTA BÁSICA NA CIDADE DE GOIÁS: ANÁLISE ENTRE NOVEMBRO DE 2024 E ABRIL DE 2025
Autores: Kerén Borges Gomes (UFG) e Déborah Alves Rodrigues dos Santos (UFG)
Supervisor: Dr. Luan Vinicius Bernardelli (UFG)
A cesta básica é um padrão de alimentos essenciais para a sobrevivência de uma família. Esse padrão é necessário porque existe uma série de fatores que influenciam um indivíduo na aquisição da sua alimentação, como culturais, sociais e econômicos. Sendo assim, ela foi estabelecida para facilitar a análise da variação dos preços dos itens, para determinar o quanto e por que certo produto aumentou ou diminuiu em um período. O aumento do preço afeta principalmente os mais pobres, tendo em vista que eles gastam uma proporção maior de seu salário com os itens da cesta básica.
Figura 1. Preço médio da cesta básica entre novembro de 2024 e abril de 2025

Fonte: elaborado pelos autores (2025).
A Figura 1 exibe a média da cesta básica na Cidade de Goiás entre novembro de 2024 e abril de 2025, realizada a partir da metodologia estabelecida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - Dieese (2025). Mais informações sobre a metodologia utilizada podem ser encontradas em Lapam (2025). A cesta básica estabelecida busca atender durante um mês uma família de 4 pessoas, sendo dois adultos e duas crianças, tendo essas crianças juntas a alimentação de um adulto. Para isso, são determinados os produtos e as quantidades. Em relação aos produtos, a cesta apresenta itens in natura e industrializados, sendo eles: Banana Prata, Tomate, Batata Inglesa, Carne, Arroz Feijão, Farinha, Café, Açúcar, Manteiga, Óleo e Leite. As quantidades estão de acordo com as estabelecidas para Região 1, que engloba o Estado de Goiás, sendo essas quantidades: Banana Prata (90unidades), Tomate (9kg), Batata Inglesa (6kg), Carne (6kg), Arroz (3kg), Feijão (4,5kg), Farinha (1,5kg), Café (600g), Açúcar (3kg), Manteiga (750g), Óleo (750g), Leite (7,5L) e Pão Francês (6kg).
Após as coletas, realizadas quinzenalmente às terças-feiras nos Supermercados Master, Souza, Tende Tudo e Mega, os dados são inseridos e analisados em uma planilha. Nessa ferramenta, é feita uma média aritmética dos preços dos produtos, pois, como são coletadas no mínimo três marcas diferentes de cada item, é necessário somar os valores das marcas e dividir pelas quantidades das mesmas. Posteriormente, realiza-se a ponderação da média pela quantidade do produto estabelecida para a Região 1 e, por fim, são somados todos, gerando o custo da cesta básica. Os detalhes da metodologia empregada podem ser encontrados em Lapam (2025).
Nesse período, no supermercado Master, o preço médio da cesta básica teve um comportamento de oscilação, alternando entre altos e baixos, mas de maneira discreta. O supermercado Souza apresenta valores inicialmente quase estáveis que vão diminuindo, mas no mês de março há uma elevação significativa. Em abril, tem uma queda, mas ainda continua em alta, comparando com os meses anteriores a março. Já no supermercado Tende Tudo, o preço médio vai subindo de maneira discreta, chegando a um grande reajuste no final de março, mas em abril ocorre uma redução considerável. Por fim, no supermercado Mega, a variação é mais visível, com mais picos expressivos de aumento dos preços e também apresenta um aumento expressivo no final de março seguido de uma queda relevante em abril.
Sendo assim, é notável que em todos os quatro supermercados pesquisados houve um reajuste no valor médio da cesta básica entre o dia 18 de fevereiro e o dia 25 de março, onde o supermercado Mega teve a maior elevação (42,67%) e o supermercado Master com menor reajuste (3,98%). É verificável também que o valor médio da cesta básica no dia 25 de março ultrapassou o salário mínimo, que é de R$1518,00, nos estabelecimentos Souza, Tende Tudo e Mega, que coincidentemente foi de R$1665,00 nos quatro estabelecimentos.
Nessa perspectiva, pode-se pensar na inflação, que é conceituada como aumento generalizado do preço dos produtos e serviços, para analisar essa situação. Tem-se que o valor médio percentual de aumento de fevereiro e março foi de 26,09% e nesse período, de acordo com dados do Banco Central por meio da Calculadora do Cidadão, o IPCA (Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo) foi de 1,88%. Essa divergência entre a inflação real vivida pelos consumidores e a inflação oficial pode ser justificada porque os itens utilizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) não são necessariamente os mesmos utilizados pelas famílias. Diversos fatores influenciam as compras dos consumidores, como renda, hábitos alimentares, região e número de membros das famílias. Com isso, a inflação real/pessoal acaba se tornando maior ou até menor que a inflação oficial divulgada.
Enquanto o preço do arroz caiu nos quatro estabelecimentos, 28,21% (Master); 21,12% (Souza); 23,44% (Tende Tudo) e 19,24% (Mega), o preço do café e do tomate teve reajuste nesse mesmo período. Na tabela abaixo, pode-se notar mais explicitamente a variação média do preço do café e do tomate nesse período.
Tabela 1. Variação no preço do café e do tomate (nov. 2024 a abr. 2025).

Fonte: elaborado pelos autores (2025).
O café, que é bem popular na rotina dos brasileiros, começou a apresentar um aumento na cidade de Goiás a partir de dezembro de 2024. Entre o início de novembro e o final de abril, verifica-se um aumento de 64,74%, 56,03%, 72,64% e 69,20% nos supermercados Master, Souza, Tende Tudo e Mega respectivamente. Segundo noticiado pelo Globo Rural, no início de fevereiro, essa situação ocorre devido a problemas climáticos, aumento das exportações e desvalorização do real frente ao dólar.
Por fim, em relação ao tomate, teve a maior variação no supermercado Mega com aumento de mais de 400% e a menor no Souza com 81,41% nesse período, sendo que os meses de março e abril apresentam os reajustes mais expressivos, o que já era esperado, tendo em vista que é um produto com alta sazonalidade.
Dessa forma, a análise da variação dos preços da cesta básica na Cidade de Goiás entre novembro de 2024 e abril de 2025 revela importantes dinâmicas de mercado que impactam diretamente o poder de compra das famílias, sobretudo das mais vulneráveis. Os dados evidenciam que, embora alguns itens tenham registrado queda, como o arroz, outros apresentaram aumentos expressivos, como o café e o tomate, resultando em um aumento geral do custo da cesta básica em diversos estabelecimentos. Esse cenário reforça a importância de políticas públicas voltadas à segurança alimentar e ao controle da inflação, bem como a necessidade de um acompanhamento contínuo e criterioso dos preços, especialmente em contextos de instabilidade econômica e sazonalidade de produtos.
REFERÊNCIAS
WALZBURIECH, Daniela. Por que o café está tão caro? Preço subiu mais de 40% em um ano. Globo Rural, 2025.Disponível em: https://globorural.globo.com/agricultura/cafe/noticia/2025/02/por-que-o-cafe-esta-tao-caro-preco-subiu-mais-de-40percent-em-um-ano.ghtml. Acesso em: 6, abril 2025.
IBGE-INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. O que é Inflação? Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/inflacao.php. Acesso em: 10, maio 2025.


